Caminhos que se perdem para se encontrar

Caminhos que se Perdem para se Encontrar
Há estradas que não levam
a lugar nenhum…
e, mesmo assim, nos levam a nós.
Caminhos que parecem errados,
curvas que confundem,
desvios que doem —
mas que eram, no fundo,
a única forma de chegar.
Porque há viagens que começam
pelo perder-se.
Há mapas que só se revelam
quando rasgados.
O universo tem seus próprios modos
de guiar quem procura.
Nem sempre com sinais,
mas com silêncios.
Nem sempre com trilhas claras,
mas com tropeços que nos acordam.
Quantas vezes nos achamos perdidos,
sem saber que estávamos
apenas no limiar da descoberta?
Quantas portas fechadas
foram, na verdade, atalhos secretos
para o que nos era destinado?
Caminhos que se perdem
ensinam o tempo da escuta,
a humildade da espera,
o valor de se render
ao mistério maior que nos move.
Eles nos despem do controle,
nos desafiam a confiar
num céu sem bússola,
num passo sem garantia.
Mas é ali —
na confusão,
no não saber,
no cair e levantar —
que o verdadeiro encontro germina.
Porque o destino real
não é um ponto fixo no mapa,
mas um estado de ser.
É quando nos tornamos
quem precisávamos ser
para finalmente enxergar.
E há beleza nisso.
Há beleza em se perder —
não como falha,
mas como rito.
Como dança cega
em direção ao centro invisível de si.
As árvores não perguntam o caminho.
Elas crescem.
Os rios não temem se dobrar.
Eles fluem.
Por que, então, tememos tanto
as voltas que a vida dá?
Talvez o milagre esteja nas encruzilhadas.
No momento em que tudo parece ruína,
mas é semente.
No instante em que se solta o mapa
e se confia no vento.
Há caminhos que se perdem
para que possamos nos refazer.
Para que possamos reconhecer
que a jornada verdadeira
é sempre mais interior do que externa.
E quando, enfim,
chegamos a algum lugar —
ou a algum alguém,
ou a nós mesmos —
percebemos:
não foi por sorte.
Foi porque nos perdemos
da forma certa.
E porque, no fundo,
as estrelas sempre souberam
onde estava o norte.