Quando a Alma aprende a esperar

Quando a alma aprende a esperar,
ela deixa de lutar contra o tempo,
abandona a pressa que fere,
e descobre o poder
de simplesmente ser.
Não é resignação, nem fraqueza —
é sabedoria que nasce do silêncio,
é o descanso depois da tempestade,
é a fé que se constrói
na ausência de respostas.
Esperar não é ficar parado.
É mover-se por dentro.
É colher cada instante
como quem rega uma semente invisível,
sabendo que a flor virá,
mesmo sem saber quando.
Quando a alma aprende a esperar,
ela escuta mais —
ouve o sussurro do vento,
o ritmo secreto dos dias,
e o que se diz nas entrelinhas do mundo.
Ela já não exige explicações,
mas abraça o mistério.
Não corre atrás das horas,
mas caminha com elas.
Ela entende que nem tudo
chega no grito, na urgência, no agora.
Que há frutos que só amadurecem
no tempo do sol e do silêncio.
Esperar é confiar
que o invisível também trabalha.
É saber que há um ritmo maior
guiando os fios da vida
com mãos pacientes e ocultas.
É aceitar que o amor vem
quando estamos prontos.
Que a cura chega
quando a dor ensinou o necessário.
Que a resposta só aparece
quando a pergunta criou raízes.
Quando a alma aprende a esperar,
ela se torna suave.
Já não se debate,
já não força portas,
já não implora por caminhos abertos.
Ela passa a dançar
com o que a vida oferece,
a encontrar sentido na pausa,
beleza na demora,
força no intervalo.
E há um dia em que, sem aviso,
o que era ausência se torna encontro.
O que era lágrima vira alívio.
O que era dor se transforma em paz.
Mas a alma já não espera por isso.
Ela espera por si mesma.
Por se tornar inteira,
por se reconhecer no espelho do tempo,
sem medo, sem ansiedade.
A espera vira templo.
E cada minuto,
uma oração sem palavras,
um gesto de entrega
ao que se constrói no escuro.
Pois há bênçãos que só descem
sobre quem aprendeu a parar.
Há milagres que só florescem
no terreno fértil da paciência.
E quando enfim a vida responde,
a alma sorri —
não por ter esperado em vão,
mas por ter se tornado digna do que veio.
Ela compreende, então,
que a espera foi caminho,
foi mestra,
foi parto.
E que nada do que importa
vem antes do tempo certo.
Quando a alma aprende a esperar,
ela se liberta da pressa do mundo
e se alinha com a eternidade do ser.
Descobre que tudo chega —
no compasso exato,
no instante sagrado,
em que já não se espera por fora,
mas se está pronto por dentro.